
Você Conhece Seu Mundo Interior? - Rev. Denis
30/04/2010 15:02
Atualmente, as políticas de saúde têm se preocupado em tratar o indivíduo como um “ser integral”. Esta concepção nos mostra que grande parte das doenças que sofremos tem origem psicossomática. Compreendendo isto, podemos afirmar que o nosso sistema emocional tem capacidade de proporcionar saúde ou enfermidade para o corpo. Sendo assim, devemos encarar que somos mais do que aquilo que as pessoas podem enxergar. Somos seres dotados de aspectos pessoais relevantes e que não podem ser registrados por fotos ou vídeos. O nosso verdadeiro EU é mais complexo do que aquele que vemos refletido no espelho. A sociedade em que vivemos, no entanto, tende valorizar a imagem, a beleza exterior, aquilo que os olhos captam, desprezando a nossa natureza interior, a nossa essência vital, a totalidade do nosso ser. Não é de se admirar por tanto que, nos dias atuais, sejam registrados altos índices de problemas emocionais, psicológicos, conjugais, familiares, relacionais, etc.
O ser humano pós-moderno vive uma séria crise existencial, quando tudo o que é exterior e material tornou-se mais desejado do que buscar uma vida plena e essencialmente saudável. Dentro deste processo, práticas introspectivas como a meditação e auto-reflexão são substituídas por um ritmo de vida alucinado, no qual não sobra tempo para nada, nem para falarmos conosco e ouvirmos a voz da nossa consciência. Enquanto isso acontece, nosso mundo interior permanece cada vez mais desorganizado. Sofremos conseqüências desastrosas porque não paramos para pensar sobre nossos erros, não administramos sentimentos acalentados, não fazemos uma faxina na alma. Preocupamo-nos em estar com a barba feita, o cabelo arrumado, o rosto maquiado, a roupa passada, mas não tratamos nossos medos, ciúmes, ansiedades, raiva, infidelidades, julgamentos e tantos outros ressentimentos que insistimos em depositar no esconderijo do ser.
O que fazer para alcançar uma vida essencialmente saudável? Que direção devemos tomar para reverter essa terrível realidade? Creio que o primeiro passo é uma auto-análise que busque uma avaliação sincera e profunda do nosso próprio eu e das nossas fraquezas. Temos que aceitar quem somos de fato, para que a mudança comece a acontecer. Temos que reconhecer que dentro de nós vive alguém que é bom e mau, puro e perverso, compassivo e vingativo, altruísta e egoísta, corajoso e covarde. Temos que ter consciência que somos mais do que aparentamos superficialmente ser e que o estado do nosso mundo interior, mesmo que oculto, reflete no nosso dia a dia, nas nossas relações interpessoais, nas nossas decisões, nossa felicidade. Um segundo passo, seria o de desenvolvermos um relacionamento de profunda intimidade com alguém que possa realmente conhecer tudo o que somos. Um amigo com quem conversar de maneira franca, expondo-nos sem medo de sermos ridicularizados. Um Ser que tenha a capacidade de nos aceitar mesmo conhecendo os nossos piores defeitos. Refiro-me a Deus que, segundo o Salmo 139, nos conhece antes de sermos formados no ventre de nossas mães. Este mesmo salmo afirma que Deus tem o poder de esquadrinhar os nossos pensamentos e conhecer a palavra antes mesmo de vir à nossa boca. Só um relacionamento com um Ser tão maravilhoso pode nos proporcionar uma vida plenamente saudável. No final do salmo citado, o autor faz uma oração que deve ser repetida diariamente por quem deseja ser completamente realizado: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”.
Rev. Denis S. L. Gomes
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